Repensar a competitividade

Vemos insistentemente ampliarem-se as preocupações do setor manufatureiro com o crescimento de importações brasileiras, sobretudo de bens de consumo, bem como sobre os alegados riscos de desindustrialização do País.

No setor automobilístico a balança de comércio exterior de veículos e peças era superavitária, chegando, entre 2005 e 2007, a saldos anuais positivos de até US$ 10 bilhões. A partir do final de 2008, com a crise internacional derrubando mercados importadores e com a situação cambial e outros sobrecustos brasileiros afetando nossa competitividade, a situação começa a se inverter: passamos a exportar menos e a importar mais, o que resultará num déficit, neste 2010, na balança comercial automotiva de mais de US$ 5 bilhões.

Em 2005 nossas exportações de veículos montados representaram 31% da produção automotiva naquele ano. Agora, neste ano, vamos exportar cerca de 15% da produção. Paralelamente, as importações de 90 mil veículos naquela data representavam 5,1% do mercado interno, e agora estão batendo cerca de 650 mil unidades, absorvendo 20% do total de veículos novos comercializados no País.

Nada contra as importações em si, até porque favorecem o consumidor e amortecem eventuais riscos inflacionários da economia. Entende-se também que o comércio exterior é uma via de mão dupla e o jogo é vender e comprar. O que preocupa, porém, é o descompasso no trend de crescimento de exportações versus importações, o que leva a considerar que o vigor do mercado vai sendo crescentemente tomado por produtos de fora do País, sem a contrapartida da ampliação adequada de nossas possibilidades de exportação, o que geraria, aqui, mais investimentos, produção e emprego. Ruim para o País a longo prazo. Esse raciocínio vale para o setor automotivo e vale também para outros setores de bens de consumo e para o próprio futuro da indústria brasileira.

A estabilidade da economia e o crescimento do consumo interno, inclusive com a inserção de novas camadas sociais no mercado consumidor, colocam o Brasil como uma poderosa vitrine de mercado no mundo, tanto para o setor automotivo quanto para bens de consumo em geral. Mas, ao mesmo tempo que o País se afirma como mercado em ascensão, deveria caminhar par e passo como capacitado produtor mundial.

Há que repensar nossa competitividade externa e interna, inclusive com medidas emergenciais de curto e de médio prazos, enquanto se redesenha um novo arsenal de armas competitivas para o País. Devemos agregar valor e competências ao nosso parque industrial, com políticas dirigidas e eficazes, de modo a estruturar a indústria para os novos tempos, fortalecendo-a e criando diferenciais de vantagens comparativas.

É necessário um plano nacional de longo prazo definindo cadeias industriais estratégicas de alta capilaridade e geradoras de dinamismo econômico para a adoção de políticas de estímulo a investimentos públicos e privados em seu desenvolvimento tecnológico, alavancando-as – com engenharia criadora, inovação e processos produtivos – à classe de excelência em competitividade e aptas a concorrer em qualquer parte do mundo e no mercado interno, com intensas repercussões em toda a matriz industrial e na própria economia brasileira. Alemanha, Japão e Coreia do Sul são exemplos bem-sucedidos desse modelo de desenvolvimento.

A competitividade, por definição, é sistêmica e é condição determinante para o nosso futuro como produtor global. Portanto, deve ser priorizada e tratada em toda a sua dimensão, com ações individualizadas nas empresas e programas pontuais nas cadeias setoriais, com microrreformas econômicas, burocráticas e legais e com políticas estruturais de longo prazo que, efetivamente, superem ineficiências e atrasos persistentes em nosso meio e que se podem revelar graves pontos de estrangulamento do desenvolvimento do País, entre os quais a infraestrutura, a logística e a educação.

Fonte: Estadão

Nacionalização das relações comerciais

É com certa preocupação que vemos o que vem acontecendo há tempos com o Brasil. Desde sua descoberta possui o espírito de receber bem a quem lhe quer tirar lucro. Não é uma visão esquerdista e nem chavista, mas temos que saber valorizar o que vem da nossa terra. O mundo pós-crise esta fazendo com que muitas empresas que já não conseguem mais lucros em suas origens, lancem vôos aos países emergentes e deste BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) qual é o povo mais simpático, hospitaleiro e carismático? Certamente, o brasileiro.

Nosso país hoje é alvo das empresas estrangeiras e isto é muito bom, pois nos traz competitividade. No entanto em diversos segmentos os empresários e até a população deve ser orientada a utilizar as empresas nacionais. Um grande exemplo são as encomendas de navios feitas pela Petrobrás a estaleiros brasileiros. A Petrobrás poderia ter encomendado estes navios ao Japão e aquecido o mercado japonês, talvez pagasse até menos, porém a compra foi feita a um estaleiro 100% brasileiro, em uma cidade ao norte do pais e isto fez com que a empresa procurasse investidores, equipasse sua planta e contratasse milhares de funcionários. Estes funcionários recebendo seus salários passaram a gastar no mercado local, aquecendo toda a economia de uma região que hoje se estrutura para acomodar novos investimentos.

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